Paul Brunton (PB) começou sua vida espiritual como uma fascinante mistura de ocultista, acadêmico e aventureiro; ele terminou como um sábio gentil, poderoso e sutil. Ele empreendeu – e cumpriu – uma tarefa singular: peneirar os ensinamentos bem estabelecidos das eras, testar sua veracidade e adaptá-los à era moderna.
Ele apresenta este trabalho pela primeira vez na linguagem acessível de “O Caminho Secreto”, e depois leva seus leitores a uma jornada interior pela Realidade Interior e pela Busca do Eu Superior. PB segue adiante para focalizar nossa atenção na mente mesma, nos dois volumes de “A Sabedoria Oculta Além da Yoga” e “A Sabedoria do Eu Superior”. O leitor atento reconhecerá muitos dos princípios do budismo, hinduísmo, cristianismo e taoísmo transformados em uma doutrina que desafia o próprio fundamento do materialismo e desperta nossa consciência para nosso próprio guia espiritual – O próprio Eu Superior.
Embora a era da tecnologia e da vida metropolitana nos dê a liberdade de explorar o mundo interno e outros mundos em nossos próprios termos, ela também nos bombardeia com experiências sensacionais e sem sentido, ao mesmo tempo em que mata nossas almas com infinitas pressões socioeconômicas. Ainda que tenhamos ganhado a facilidade em viagens, educação, saúde e lazer, perdemos a visão da alma e temos pouca reverência pela Natureza ou até por nós mesmos. PB não ansiava pelos “bons velhos tempos”, quando se levava uma vida inteira para viajar por um continente, muito menos circungirar o globo, mas também não acreditava que o século atual seja, em todos os aspectos, superior à sabedoria do passado. Ele acolheu os paradoxos do passado e do presente e voltou sua atenção para preservar o positivo de ambas as épocas.
Para atingir este objetivo, PB estudou muitas tradições filosóficas e entrevistou centenas de grandes e pequenos mestres espirituais em todo o mundo. Ele viveu na Inglaterra, Egito, Grécia, China, Nova Zelândia, Austrália, Estados Unidos, México, Bolívia, Índia, Tehri Garhwal, Itália, Espanha, Indonésia, Hawaii, e terminou seus dias na Suíça. Em uma conversa com um aluno, ele comparou e contrastou onze diferente escolas e sub-escolas do pensamento hindu e chinês, empregando a linguagem técnica de cada escola e fazendo referência às principais obras de cada uma delas. O mais surpreendente dessa conversa foi que, sem indagação ou conhecimento prévio, ele discutiu apenas os ensinamentos com os quais o aluno estava familiarizado e não usou nenhum que não lhe fosse familiar.
No entanto, uma conversa assim com ele era rara; habitualmente ele “evitava tal erudição” e falava apenas num inglês simples.
Uma coisa que PB não fez, no entanto, foi “emburrecer” os ensinamentos; alguns de seus escritos são tão avançados que eles são realmente acessíveis apenas a um místico avançado. Seu estilo é desconcertante, quase perigosamente acessível. Pode-se ler um capítulo facilmente e captar os pontos principais sem muito esforço. No entanto, quando se trata de aplicar as ideias apresentadas ali, voltar-se-á repetidamente a essas mesmas páginas para analisá-las à medida que revelam seu significado interno e suscitam uma disciplina mental muito maior do que a sugerida na primeira leitura.
PB sentiu que havia alguns elementos básicos essenciais para o que ele (entre outros) denominava “A Busca.” Ele defendeu fortemente o vegetarianismo, as meditações diárias, a oração, o estudo, a consciência social e, talvez acima de tudo, a independência. Suas razões específicas para estas escolhas podem ser encontradas em toda sua série Notebook, onde também pode-se encontrar um monte de conselhos práticos sobre como empreender e realizar essas práticas. Enquanto ele sempre preferiu o caminho individual de autossuficiência, PB respeitava os caminhos espirituais tradicionais e é bastante possível incorporar muitas de suas ideias em tais caminhos, sem sacrificar a integridade da própria direção escolhida. Em qualquer contexto, seus escritos mais avançados são bastante reveladores, oferecendo novos insights sobre a necessidade filosófica de muitos requisitos aparentemente dogmáticos da disciplina espiritual.
Há cinco fases dos ensinamentos de PB:
- Iniciação
- Místico
- Epistemológico
- Filosófico
- Iluminado/ Esclarecido