A MENTE-DO-MUNDO

Seleções do Capítulo 27 – Ideias em Perspectiva

Deus como o Indivíduo Supremo – Deus como Mente-em-Atividade – Como Logos Solar

Todas as evidências científicas indicam que há um único poder que rege o universo inteiro, e todas as experiências místicas religiosas e os insights filosóficos o confirmam. Não apenas é assim, mas esse poder mantém o universo; sua inteligência é única, incomparável, incrível. Esse poder é o que eu chamo de Mente- do-Mundo.

Em todos estes estudos, o conceito principal deve ser revisto inúmeras vezes: o universo inteiro, tudo — objetos e criaturas — está na Mente. Mantenho todos os objetos da minha experiência na minha consciência, mas eu mesmo sou mantido, junto com eles, numa consciência incrivelmente maior, a consciência da Mente-do-Mundo.

Para nós que temos propensão à filosofia, a Mente-do-Mundo realmente existe. Para nós ela é Deus, e para nós há um relacionamento com ela — o relacionamento da devoção, da aspiração, da comunhão e da meditação. Toda a conversa abstrata sobre a não-dualidade pode continuar, mas no final os que falam terão de humilhar-se ante o Ser infinito, até que sejam como nada e até que se percam na quietude — na quietude d’Ele.

Frequentemente somos informados por fontes religiosas e místicas de que Deus é Amor. Seria necessário para aqueles que aceitam essa declaração equilibrarem-na e completarem-na com a afirmação de que Deus é Inteligência Pura.

A Mente-do-Mundo é uma irradiação da eternamente incompreensível Mente. É a essência de todas as coisas e de todos os seres, do menor ao maior.

Se Deus não fosse um mistério Ele não seria Deus. Os homens que alegam conhecê-Lo precisam de uma correção semântica; dito isso, sua experiência pode ser ainda excepcional, elevada e imaterialista. Mas que Deus continue Deus, incompreensível e intocável.

Tem havido muito atrito e discórdia entre as diferentes religiões por causa do conceito de ser Deus pessoal ou impessoal — tem havido muita perseguição, até ódio, e tão desnecessariamente! Digo desnecessariamente porque a diferença entre as duas concepções é apenas aparente. A Mente é a fonte de tudo, é a Mente inativa. A Mente como a Mente-do- Mundo-em-manifestação é o Deus pessoal. Entre a essência e a manifestação, a única diferença é que a essência está oculta e a manifestação é conhecida. A Mente-do-Mundo é pessoal (no sentido de ser o que os hindus chamam “Ishvara”), e a Mente é totalmente impessoal. As duas são fundamentalmente uma só.

É muito natural que os homens de inteligência inferior queiram um Deus que esteja atento às suas solicitações, interessado em suas vidas pessoais e que possa ajudá-los nos momentos de aflição. Isto é, querem um Deus humano. Os homens de inteligência superior consideram Deus uma essência impessoal que está presente em toda parte e, consequentemente, encarnado neles mesmos, e com o qual também podem comungar interiormente. Isto é, reconhecem somente um Deus místico. Os homens da mais alta inteligência percebem que o “eu” é ilusório, que só a ignorância desse fato é que faz com que o homem se considere uma personificação separada da essência divina, e que na realidade só existe esse ser inominado e não-dual. Quão impossível é conseguir-se que homens de inteligência inferior adorem ou mesmo acreditem numa Existência tal que não tenha forma, não tenha individualidade nem pensamento sequer! Portanto, a esses homens é passada a figura de Deus como sendo semelhante à própria imagem deles, uma divindade que é um ser com cinco sentidos, humano e pessoal.

Todas as definições verbais a respeito da Mente-do-Mundo são inevitavelmente limitadas e inadequadas. Se as afirmações feitas aqui parecem ter a natureza dos conceitos dogmáticos, é por causa da inadequação da linguagem para transmitir um significado mais sutil. Os que lerem estas linhas com um insight intuitivo aliado a um pensamento claro verão que os conceitos são estruturas verbais flexíveis para manter o pensamento estátavel naquela fronteira da consciência onde o pensamento está à beira do conhecimento sem palavras.

A Luz da Mente-do-Mundo é a Fonte do universo físico; o Amor da Mente-do-Mundo é a sua base estrutural.

Deus como o Indivíduo Supremo – Deus como Mente-em- Atividade – Como Logos Solar

Deus ativo, o Poder Invisível» é (para nós humanos) a Mente-do-Mundo; Deus-em- repouso é a Mente.

Seria contudo um erro considerar a Mente-do-Mundo como uma entidade e a Mente como outra entidade, separada. Seria mais verdadeiro considerar a Mente-do-Mundo como a função ativa da Mente. A Mente não pode ser separada dos seus poderes. Os dois são um. Em seu estado inativo, ela é apenas a Mente. Em seu estado ativo ela é a Mente-do-Mundo. A Mente em sua natureza mais profunda e transcendente é o inescrutável mistério dos Mistérios, mas quando se expressa em ato e quando está imanente no universo, ela é a Mente-do-Mundo. Podemos encontrar nos atributos do Deus manifestado — isto é, na Mente-do-Mundo — as únicas indicações da qualidade, da existência e do caráter do Deus Supremo nffo-manifestado que o homem é capaz de compreender. Tudo isso é um mistério que é e talvez continue sendo, para sempre, um paradoxo incompreensível.

O ponto que aparece no espaço é um ponto de luz. Ele se expande, se expande, se expande e se toma a Mente-do-Mundo. Deus emergiu do Deus Supremo. E da Mente-do-Mundo emerge o próprio mundo — não todo de uma vez, mas em vários estágios. A partir dessa grande luz, surgem todas as outras luzes menores; surgem os sóis e os planetas, as galáxias, os universos, e todas as poderosas hostes de criaturas pequenas e grandes, de seres que estão começando a perceber, e de outros que estão plenamente conscientes, despertos e sábios. E com o mundo aparecem os opostos, o princípio dual que pode ser detectado em todas as partes da Natureza, o yin e o yang do pensamento chinês.

A Mente-do-Mundo, entretanto, tem vida dupla. Como Mente, ela é eternamente livre, mas como Mente-do-Mundo ela é eternamente crucificada, como disse Platão, na cruz do corpo do mundo.

Estivesse a Mente-do-Mundo além do universo finito por estar fora dele, ela estaria então limitada por esse universo e perderia portanto sua própria infinidade Mas porque inclui completamente em si o universo, enquanto permanece completamente ilimitada, ela é genuinamente infinita. A Mente-do-Mundo nffo é limitada nem dissipada pela sua autoprojeção no universo. A Mente-do-Mundo está imanente no universo, mas não está confinada ao universo; está presente em cada partícula do Todo, mas sua expressão não é exaurida pelo Todo.

A Inteligência que formulou a Idéia-do-Mundo é viva e criativa — em resumo, Divina. As chamadas leis da natureza apenas mostram as suas obras.

Como Deus “cria” o universo? Visto que no princípio só Deus existe, não há nenhuma segunda substância que possa ser usada para essa “criação”. Deus é forçado a usar sua própria substância para esse propósito. Deus é Mente Infinita; portanto, usa o poder mental — a Imaginação — operando, na substância mental — o Pensamento — para produzir o resultado que aparece para nós como o universo.

Não há nenhum poder no universo material em si. Todas as suas forças e energias derivam de uma única fonte — a Mente-do-Mundo — cujo ato de pensar é expresso por esse universo.

Pode alguma coisa derivar de algo que seja essencialmente diferente dela? Isso é impossível. A existência, portanto, não pode derivar da não-existência. Se o universo existe hoje, então a sua essência deve ter existido quando o próprio universo ainda não havia sido formado. Essa essência não precisou de nenhuma “criação”, pois ela era o Próprio Deus, a Mente-do-Mundo.

É a presença da Mente-do-Mundo que faz com que as coisas aconteçam de acordo com a Idéia- do-Mundo; a primeira não tem necessidade de impulsionar cada atividade particular.

Deus como o Indivíduo Supremo – Deus como Mente-em-Atividade – Como Logos Solar

Tem havido muito atrito e discórdia entre as diferentes religiões por causa do conceito de ser Deus pessoal ou impessoal — tem havido muita perseguição, até ódio, e tão desnecessariamente! Digo desnecessariamente porque a diferença entre as duas concepções é apenas aparente. A Mente é a fonte de tudo, é a Mente inativa. A Mente como a Mente-do- Mundo-em-manifestação é o Deus pessoal. Entre a essência e a manifestação, a única diferença é que a essência está oculta e a manifestação é conhecida. A Mente-do-Mundo é pessoal (no sentido de ser o que os hindus chamam “Ishvara”), e a Mente é totalmente impessoal. As duas são fundamentalmente uma só.

Para nós que temos propensão à filosofia, a Mente-do-Mundo realmente existe. Para nós ela é Deus, e para nós há um relacionamento com ela — o relacionamento da devoção, da aspiração, da comunhão e da meditação. Toda a conversa abstrata sobre a não-dualidade pode continuar, mas no final os que falam terão de humilhar-se ante o Ser infinito, até que sejam como nada e até que se percam na quietude — na quietude d’Ele.

Todas as evidências científicas indicam que há um único poder que rege o universo inteiro, e todas as experiências místicas religiosas e os insights filosóficos o confirmam. Não apenas é assim, mas esse poder mantém o universo; sua inteligência é única, incomparável, incrível. Esse poder é o que eu chamo de Mente-do-Mundo.

Em todos estes estudos, o conceito principal deve ser revisto inúmeras vezes: o universo inteiro, tudo — objetos e criaturas — está na Mente. Mantenho todos os objetos da minha experiência na minha consciência, mas eu mesmo sou mantido, junto com eles, numa consciência incrivelmente maior, a consciência da Mente-do-Mundo.

A Mente-do-Mundo é uma irradiação da eternamente incompreensível Mente. É a essência de todas as coisas e de todos os seres, do menor ao maior.

A MENTE-DO-MUNDO NA MENTE INDIVIDUAL

Seleções do Capítulo 25 – Ideias em Perspectiva

Seu encontro e intercâmbio — A iluminação que permanece — Santos e Sábios

A alma do homem, o Eu Superior, está unida com a alma do universo, a Mente-do-Mundo, ou nela enraizada.

O ensinamento sobre uma individualidade mais elevada precisa ser compreendido corretamente. Não que exista uma individualidade separada para cada corpo físico. A consciência que normalmente se identifica com o corpo — isto é, com o ego — quando se volta para o alto com a mais elevada devoção, ou para o intimo na mais profunda meditação, chega ao ponto de contato com o ser universal, a Mente-do-Mundo. Esse ponto é o seu próprio eu mais elevado, o representante divino dentro de seu próprio ser. Mas se a devoção ou a meditação forem levadas ainda mais longe, à maior extensão possível de consciência, o próprio ponto é absorvido na sua fonte. Nesse momento, o homem é a sua própria fonte. Mas “homem algum verá Minha face e viverá!” Ele retoma finalmente à consciência terrestre, cujas exigências deve seguir. Entretanto, o conhecimento daquilo que ele é em essência permanece. A presença do representante está sempre lá enquanto isso, sempre percebida. Ela pode ser apropriadamente chamada de sua individualidade superior.

A união com o Eu Superior não é a meta última, mas a penúltima. Aquilo que veneramos como o Eu Superior, venera, por sua vez, uma outra entidade ainda mais elevada.

Se é possível afirmar que a total fusão é válida, se o eu individual realmente desaparece na realização da Consciência Divina, de quem então esse mesmo eu estava consciente na experiência da realização? Não – somente o eu pessoal inferior é transcendido; a individualidade espiritual superior não o é.

Seu encontro e intercâmbio — A iluminação que permanece — Santos e sábios

A filosofia rejeita decisivamente todas aquelas noções panteístas vedantinas e todas as ingenuidades místicas ocidentais que possam divinizar o homem e identificá-lo com Deus. Ela afirma que as expressões nas quais essas crenças estão incorporadas, tais como a indiana “Vós sois Aquele”, a persa “Eu sou Deus”, e a europeia medieval “União com Deus”, são extrapolações da verdade, qual seja a de que Deus é imanente em nós e de que através da realização do nosso eu mais elevado nos tornamos mais semelhantes a Ele; mas de que Deus nunca deixa de ser o Inatingível, o Incompreensível.

Mortal algum pode penetrar o mistério da mente suprema na própria natureza dela — quer dizer, na existência inativa e estática dessa mente. O Deus Supremo não só está além da concepção humana, mas também além da percepção mística. Mas a Mente em seu estado ativo, dinâmico, isso é, a Mente-do-Mundo, ou melhor, seu raio em nós chamado Eu Superior, está dentro do alcance da percepção, da comunhão e mesmo da união humanas. É isso o que o místico realmente encontra quando acredita ter encontrado Deus.

Normalmente se diz que esse estado é nada menos que “a união com Deus”. O que realmente é alcançado é o eu mais elevado, o raio do sol divino refletido no homem, de fato a alma imortal — continuando sempre o próprio Deus totalmente além da capacidade de compreensão finita do homem. Entretanto, a experiência mística é autêntica, e o conflito entre as interpretações não desfaz sua autenticidade.

O místico pode realmente sentir a própria substância de Deus em seu êxtase, mas isso não lhe fornece todo o conteúdo do conhecimento de Deus. Se, portanto, ele alega não só ser uno com Deus, mas também ser uno com toda a consciência de Deus, isso é pura presunção.

Deus, a Mente-do-Mundo, conhece todas as coisas imediatamente, num eterno presente. Nenhum místico jamais proclamou, nenhum místico jamais ousou proclamar tal conhecimento integral. Muitos místicos, no entanto, proclamaram sua união com Deus. Se isso for verdade, então é claro que podem ter tido somente uma união fragmentária, e não uma união plena.

A filosofia, sendo mais precisa em suas afirmativas, assevera que eles realmente chegaram a uma união, não com Deus, mas com algo Semelhante a Deus — a alma.

É legitimo dizer que algo divino está dentro de mim, mas é bem ilegítimo dizer “Eu sou Deus”. Pois, afinal, a fragrância de uma flor não é o mesmo que a própria flor.

É uma ilusão pensar que essa remoção do eu inferior provoque sua completa substituição pela Divindade infinita e absoluta. Essa ilusão é antiga e comum nos círculos místicos, e leva a declarações fantásticas de auto-endeusamento. Mesmo que o eu inferior seja removido, ele não é destruído. Continua a viver, mas em estrita subordinação ao eu mais elevado, o Eu Superior, a alma divina do homem; e é esta última o verdadeiro elemento que faz a remoção, e não o divino fundamento-do-mundo.

No devido tempo, sua relação com o eu mais elevado toma-se mais intima que qualquer amizade terrena, mais próxima que qualquer união humana jamais poderia vir a ser. E, no entanto, sempre permanece como uma relação, nunca se torna uma absorção; sempre uma proximidade, nunca uma fusão.

Ser a testemunha é o primeiro estágio; ser Testemunha da testemunha é o seguinte; mas SER é o estágio final. Pois a consciência se desfaz da testemunha, no fim. Somente a consciência é em si a experiência real.

Só quando a luz que o aspirante recebeu se estabilizar como algo permanente, poderá ele ser considerado um mestre; igualmente, só quando essa luz estiver plena e completa, poderá ele ser considerado um sábio.

Seu encontro e intercâmbio — A iluminação que permanece — Santos e sábios

Há diversos graus de iluminação espiritual que explicam tanto as diversas perspectivas a serem encontradas entre os místicos quanto os diferentes tipos de Vislumbre a serem encontrados entre os aspirantes. Todas as iluminações e todos os Vislumbres liberam o homem de suas qualidades negativas e de sua natureza vil, mas os últimos o fazem apenas temporariamente. O homem é capaz, como consequência, de olhar para dentro de sua natureza superior. No primeiro grau, é como se uma janela coberta de sujeira tivesse sido limpa o suficiente para revelar um belo jardim do lado de fora. O homem ainda está sujeito à atividade de pensar, à emoção da alegria e à discriminação entre X e Y. No grau seguinte, superior, é como se a janela tivesse sido limpa ainda mais, de modo a revelar mais beleza através dela. Aqui não há pensamentos a se interporem entre o vidente e a coisa vista. No terceiro grau, a discriminação não mais está presente. No quarto grau, é como se a janela tivesse sido totalmente limpa. Ai, já não há mais nem mesmo uma emoção enlevada, mas somente uma felicidade equilibrada, uma tranquilidade inalterável que, estando além do intelecto, não pode ser devidamente descrita por ele.

A paz mental é fruto do primeiro grau de iluminação, o grau inferior, embora nele os pensamentos continuem a surgir ainda que suavemente, e o ato de pensar de maneira discursiva continue ativo ainda que lentamente. Mas a concentração será suficientemente forte para desligar o homem do mundo, e, como consequência, conceder-lhe a felicidade que acompanha esse desligamento. Somente os que atingiram esse grau podem ser corretamente considerados “salvos”, pois unicamente eles são incapazes de cair de novo na ilusão, no erro, no pecado, na ganância ou na sensualidade.

No segundo grau, haverá maior absorção interna e os processos cerebrais se desvanecerão por completo.

A libertação de toda possibilidade de ira é fruto do terceiro grau, mais elevado.

Finalmente, quando a união do eu com o Eu Superior for total e completa, certa parte da consciência do homem permanecerá imóvel no infinito, interminável na eternidade. Lá, naquela glória sagrada, ele estará preocupado com sua identidade divina, alegre e amorosamente atado a ela por um magnetismo irresistível.

Onde está o homem que se libertou do ego? Diante dele, precisamos curvar-nos com profunda reverência, com maravilhada admiração, com humildade contrita. Eis um individuo que descobriu seu verdadeiro eu, sua independência pessoal, seu próprio ser. Ai está, enfim, um homem livre, alguém que encontrou seu valor real num mundo de falsos valores. Ai está, enfim, realmente um grande homem, um homem verdadeiramente sincero.

Não afirmo que o sahaja conceda a realidade última. Somente afirmo que ele concede a realidade última até onde é conhecida pelo homem.

O SANTO: praticou com êxito disciplinas ascéticas e sistemas de vida purificadores com propósitos devocionais.

O PROFETA: escutou a voz de Deus, ouviu e comunicou Suas mensagens de predição, admoestação ou conselho.

O MÍSTICO: experimentou intimamente a presença de Deus enquanto mergulhado interiormente em contemplação, ou teve uma visão da cosmogonia de Deus enquanto concentrado em meditação.

O SÁBIO: obteve os mesmos resultados de todos esses três, acrescentou-lhes um conhecimento da realidade eterna e infinita, e conduziu tudo a uma união equilibrada.

O FILÓSOFO: é um sábio que, além disso, pôs-se a serviço da educação espiritual dos outros.

Quando a dualidade está fundida com a unidade e dentro dela, dá-se a verdadeira
realização fivanmukta. O Um então é experimentado como o Dois, mas percebido realmente como o Um.

Os efeitos da iluminação incluem: um imperturbável desapego em relação aos bens exteriores, ao nível social, às honrarias e às pessoas; uma transbordante certeza a respeito da verdade; uma paz celestial, sem preocupações e acima de todas as desordens e vicissitudes; uma aceitação da justeza da situação universal, em que cada entidade e cada acontecimento desempenham o seu papel; e uma sinceridade impecável que diz o que pensa e pensa o que diz.

A MENTE-DO-MUNDO NA MENTE INDIVIDUAL – O SOLITÁRIO

Seleções do Capítulo 28 – Ideias em Perspectiva

A Mente-em-si-mesma – A Mente Única — Como Absoluto

O tema com o qual todo esse pensar metafísico deve terminar, depois de ter ponderado sobie o mentalismo, é aquele do qual emerge o próprio princípio que governa o pensar — a Mente — e ele deve ser considerado sob esse aspecto como a realidade única. Quando essa compreensão intelectual é levada para dentro da experiência de um indivíduo como um fato, quando se faz dela algo que lhe pertence tanto quanto uma dor física, ela se torna então um insight direto. Esse pensar é o mais proveitoso e bem-sucedido em que o indivíduo pode empenhar-se, pois ele o traz para o próprio portal da Mente onde esse pensar, por si mesmo, cessa a sua atividade, e onde a diferenciação de ideias desaparece. À medida que os músculos mentais se esforçam em busca desse conceito do Absoluto, do Inefável e Infinito, eles perdem sua rigidez materialista e tornam-se mais sensíveis às ordens vindas do Eu Superior. Quando o pensar é capaz de alcançar profundidade tão grande que atinja uma impessoalidade total e uma universalidade calma, ele é capaz de abordar o princípio fundamental de sua própria existência. Quando o pensar diligentemente chega a um ponto culminante, ele então, voluntariamente, destrói-se a si mesmo. É evidente que tal feito só pode acontecer no interior profundo dos recessos mais íntimos da consciência do indivíduo.

O mentalismo é o estudo da Mente e do seu produto, o pensamento. Separar os dois, desembaraçá- los, é tornar-se consciente da Consciência em si mesma. Essa realização vem, não através de algum processo de atividade intelectual, mas exatamente pelo oposto — suspendendo-se tal atividade. E ela vem, não como uma outra ideia, mas como um insight que compele poderosamente e é extremamente vívido.

Comumente, o ato de pensar só pode produzir mais pensamentos. Até mesmo pensar sobre a verdade, sobre a realidade, não importa quão correto isso possa ser, partilha dessa limitação. Contudo, se devidamente instruído, o pensamento saberá qual é o seu lugar e compreenderá a situação, com a consequência de que, no momento adequado, não fará nenhum esforço adicional e procurará fundir-se com a meditação. Quando essa fusão é completada com êxito, um silêncio sagrado permeará a consciência que restar. A verdade, então, será espontaneamente revelada.

Mente é a essência de todas as coisas manifestadas como Mente-do-Mundo; é o Mistério por trás do Nada não manifestado.

O termo não-dualidade fica como um som no ar quando ouvido, uma imagem visual quando lido. Sem a chave do mentalismo, ele continua sendo exatamente isso. Quantos estudantes da Vedanta e, seja dito, quantos instrutores interpretam-no corretamente? E interpretar corretamente é entender que não existem duas entidades separadas — a coisa e o pensamento que se tem dela. A coisa está na mente; é uma projeção da mente, como o pensamento. Isso é não dualidade, pois a mente não está separada daquilo que sai dela e que retoma a ela. E do mesmo modo que isso é assim com as coisas, também é assim com os corpos e os mundos. Todos aparecem junto ao pensamento que se tem deles, pensamento que é cósmico no instante supremo, mas que é individual no momento imediato.

A não dualidade significa simplesmente que não existe nada que não seja o Poder invisível; nada mais, nenhum universo, nenhuma criatura.

O que precisamos compreender é que, embora nossa percepção do Real seja gradativa, o Real está, todavia, conosco a cada momento, em toda a sua radiante totalidade. A ciência moderna encheu nossas cabeças com a falsa noção de que a realidade se encontra num estado de evolução, ao passo que é apenas o nosso conceito mental de realidade que está num estado de evolução.

ELE é o Princípio que está por trás tanto do consciente quanto do inconsciente, fazendo com que o primeiro se torne possível e o segundo significativo. Contudo, nem o consciente nem o inconsciente, como nós humanos os conhecemos, se parecem com ele.

O caráter absoluto do Deus Supremo é completo e básico. Ele não é cat ricamente idêntico ao homem, não mais do que um raio o é em relação ao sol; são diferentes, embora não mais fundamentalmente diferentes do que o raio é 4a sol. Por isso, não pode haver uma comunicação direta nem um relacionamento concreto entre eles. Uma profunda impenetrabilidade, uma existência que está além da compreensão é a primeira característica do Deus Supremo quando olhada através da visão humana.

A primeira expressão da Mente é o Vazio. A segunda e sucessiva é a Luz, isto é, a Mente-do-Mundo. Esta é seguida pela terceira, a Ideia-do-Mundo. Finalmente, vem a quarta, a manifestação do próprio mundo.

A Mente é a essência de todos os seres conscientes. A consciência desses seres é derivada, emprestada dela. Eles nada poderiam saber a partir de seu próprio poder; ao passo que a Mente, sozinha, conhece todas as coisas e a si mesma Quando as conhece dentro do tempo, ela é a Mente- do-Mundo; quando conhece a si mesma sozinha, ela é a desconhecida do homem, é o Deus Supremo incognoscível.

O Sumo Deus Supremo é não individualizado. A Mente-do-Mundo é individualizada (mas não personalizada) em Eus Superiores emanados. O Eu Superior é um indivíduo, mas não uma pessoa. O ego é pessoal.

Enquanto Mente, o Real é estático; enquanto Mente-do-Mundo, é dinâmico. Enquanto Deus Supremo, Ele sozinho é, na quietude de ser; mas enquanto Deus, ele é a fonte, a substância e o poder do universo. Enquanto Mente, não há nenhuma outra coisa, nenhuma outra inteligência para perguntar por que Elle ativou e fez surgir, de sua expiração, a Mente-do-Mundo e, consequentemente, por que existe todo o processo-do-mundo. Apenas o homem faz essa pergunta, e elle permanece sem resposta.

O Poder Infinito Jamais pode exaurirse. Ele se sustém a si mesmo.

Que não nos enganemos a nós mesmos e não desonremos o Ser Supremo pensando que conhecemos alguma coisa a respeito d’ELE. Nada sabemos. O intelecto pode formular concepções, a intuição pode fornecer vislumbres, mas essas são as nossas reações humanas em relação a ELE. Até mesmo o sábio que alcançou uma harmonia com o seu Eu Superior encontrou apenas a divindade dentro de si mesmo. Sim, ela certamente é a Luz, porém é assim para ele, para o ser humano. Ele ainda se encontra tão fora do Mistério divino quanto todos os outros homens. A diferença é que, enquanto eles estão na escuridão, ele está nessa Luz.

O último grau da experiência interior, a fase mais profunda da contemplação, é aquela na qual aquele que faz a experiência desaparece; na qual aquele que medita se dissolve; na qual aquele que conhece não tem mais um objeto — nem mesmo o Eu Superior — para conhecer, pois a dualidade se desmorona. Pelo fato de esse grau estar além da experiência da Luz suprema, onde o Eu Superior revela sua presença visualmente como uma esplendorosa massa, feixe, bola ou raio de resplendor sobrenatural, que é visto estejam os olhos físicos abertos ou fechados, ele tem sido chamado de a escuridão divina.

A Mente-em-si-mesma – A Mente Única — Como Absoluto

O termo não-dualidade fica como um som no ar quando ouvido, uma imagem visual quando lido. Sem a chave do mentalismo, ele continua sendo exatamente isso. Quantos estudantes da Vedanta e, seja dito, quantos instrutores interpretam-no corretamente? E interpretar corretamente é entender que não existem duas entidades separadas — a coisa e o pensamento que se tem dela. A coisa está na mente; é uma projeção da mente, como o pensamento. Isso é não dualidade, pois a mente não está separada daquilo que sai dela e que retoma a ela. E do mesmo modo que isso é assim com as coisas, também é assim com os corpos e os mundos. Todos aparecem junto ao pensamento que se tem deles, pensamento que é cósmico no instante supremo, mas que é individual no momento imediato.

A não dualidade significa simplesmente que não existe nada que não seja o Poder invisível; nada mais, nenhum universo, nenhuma criatura.

O que precisamos compreender é que, embora nossa percepção do Real seja gradativa, o Real está, todavia, conosco a cada momento, em toda a sua radiante totalidade. A ciência moderna encheu nossas cabeças com a falsa noção de que a realidade se encontra num estado de evolução, ao passo que é apenas o nosso conceito mental de realidade que está num estado de evolução.

ELE é o Princípio que está por trás tanto do consciente quanto do inconsciente, fazendo com que o primeiro se torne possível e o segundo significativo. Contudo, nem o consciente nem o inconsciente, como nós humanos os conhecemos, se parecem com ele.

O caráter absoluto do Deus Supremo é completo e básico. Ele não é cat ricamente idêntico ao homem, não mais do que um raio o é em relação ao sol; são diferentes, embora não mais fundamentalmente diferentes do que o raio é 4a sol. Por isso, não pode haver uma comunicação direta nem um relacionamento concreto entre eles. Uma profunda impenetrabilidade, uma existência que está além da compreensão é a primeira característica do Deus Supremo quando olhada através da visão humana.

O Sumo Deus Supremo é não individualizado. A Mente-do-Mundo é individualizada (mas não personalizada) em Eus Superiores emanados. O Eu Superior é um indivíduo, mas não uma pessoa. O ego é pessoal.

Enquanto Mente, o Real é estático; enquanto Mente-do-Mundo, é dinâmico. Enquanto Deus Supremo, Ele sozinho é, na quietude de ser; mas enquanto Deus, ele é a fonte, a substância e o poder do universo. Enquanto Mente, não há nenhuma outra coisa, nenhuma outra inteligência para perguntar por que Elle ativou e fez surgir, de sua expiração, a Mente-do-Mundo e, consequentemente, por que existe todo o processo-do-mundo. Apenas o homem faz essa pergunta, e elle permanece sem resposta.

O Poder Infinito Jamais pode exaurirse. Ele se sustém a si mesmo.

Que não nos enganemos a nós mesmos e não desonremos o Ser Supremo pensando que conhecemos alguma coisa a respeito d’ELE. Nada sabemos. O intelecto pode formular concepções, a intuição pode fornecer vislumbres, mas essas são as nossas reações humanas em relação a ELE. Até mesmo o sábio que alcançou uma harmonia com o seu Eu Superior encontrou apenas a divindade dentro de si mesmo. Sim, ela certamente é a Luz, porém é assim para ele, para o ser humano. Ele ainda se encontra tão fora do Mistério divino quanto todos os outros homens. A diferença é que, enquanto eles estão na escuridão, ele está nessa Luz.